Ainda não sei muito bem como lidar com essa sensação. Acho que não sei nem nomeá-la. Talvez tenha sido o tempo. Ainda não sei.
Nada mais se move em câmera lenta e os dias passam rápido, bem mais do que eu gostaria, mas mesmo assim sem me incomodar. Prefiro a correria à inércia. Minha vida é outra e eu volto ao meu estado original, pouco a pouco. Não lembro ao certo como era ele - o estado - mas consigo sentir. Consigo sentir as moléculas se reagrupando dentro de mim numa sensação conhecida como o cheiro do cobertor que usava quando era criança. Tudo hoje é um pouco mais leve, mais sereno. Tenho meus medos e neuroses, mas, pensando bem, quem não tem?
Amo cada parte torta da minha vida, sem exceção. Das noites que passei em claro chorando de rir ou no chão do quarto, chorando de dor. Amo o caminho que trilhei ou que foi destinado a ser meu. Tenho alguns arrependimentos, mas muito poucos para mencionar.
Quero sorrir, pular, me embebedar com minhas amigas e assistir de camarote seus embaraços alcoólicos e, quem sabe, passar um pouco de vergonha também. Quero contar minha história e me inebria a possibilidade de criar muitas outras, porque agora eu sei que posso. Quero errar, chorar, aprender. Quero poder ser idiota de vez em quando sem me preocupar com o que o mundo vai dizer. Fui criada para ser um exemplo de conduta, passei minha vida inteira tentando fazer jus às expectativas de todos e, honestamente, acho que consegui. Mas minha melhor amiga me ensinou que fugir à regra é bom e que ninguém tem o direito de dizer que não posso, que não devo. Dica: é bom viver um pouco suas vontades e criar suas próprias expectativas quando ao que se deve ser.
Quero coisas simples, noites em claro e duas horas de sono. Quero amar minhas amigas e fazê-las felizes como elas me fazem. Quero ver a felicidade nos olhos dos meus pais quando me tornar uma bacharel. Quero fazer isso por eles porque eles fazem tudo por mim.
Tenho minhas próprias verdades, mas nem por isso deixo dedar créditos às dos outros. Não tenho tudo o que quero, mas tenho tudo que preciso e, acredite, isso já é muito. Hoje eu sou feliz. E se hoje eu sou feliz...
...quem pode me julgar?
terça-feira, 28 de setembro de 2010
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Smoking Gun.
Eu te amo. Um amor inexplicável. Amo com tudo que posso, tudo que tenho, com todo espaço que ainda me resta...muitas vezes acho que já nasci com esse amor. Mas é muito pessoal, sabe. Metade das coisas que sinto não posso dizer e a outra metade eu mesma desconheço. Talvez você entendesse se fosse possível, mesmo que por um milésimo de segundo, trocar seu peito pelo meu. E por isso mesmo, pela impossibilidade também do avesso, que não te julgo. Não julgo suas razões nem seus porquês, mas fazem quinhentos e trinta e três dias que vivo sem você e por isso espero que me entenda. Entenda que não existe mais espaço dentro do meu peito para dor e não existe mais esperança de que isso não vá acontecer. Hoje não dói, não tortura. Está aqui guardado e acredite, sempre estará...como uma cicatriz já dormente que me faz lembrar que o passado foi real.
O tempo é duro de mais e isso acaba nos atingindo diretamente, já que tudo ao meu redor se modifica e me obriga a acompanhar o movimento das ondas que me arrastam para a corrente que já tem meu nome escrito. Com ele minhas páginas borradas tornaram-se páginas em branco e que, assim sendo, foram preenchidas pouco a pouco pelos passos que dei, pelos suspiros, olhares e planos. Nem tudo é claro, nem tudo é perceptível, ainda tropeço na mesma pedra torta colocada em desalinho à calçada da minha rua, mas continuo. Continuo porque fiquei parada por muito tempo dentro de mim mesma, entre copos vazios e cigarros.
Você já deveria ter imaginado que as coisas, uma hora ou outra, iriam mudar. Acredito que todos têm uma faixa larga delimitando o ponto em que se deve parar. Ali, naquela zona, você tem plena consciência de que um passo a mais será o suficiente para determinar o fim. É claro, nítido. Eu não, porque nada comigo é tão simples. Meu limite é uma linha completamente imperceptível aos olhos. Você não vê, apenas sente e naquele momento, naquele segundo em que seu coração para de bater e tudo se move em câmera lenta você sabe que foi longe demais. Por isso mesmo não me eximo da culpa de ter dado todo esse tempo, muito tempo, dando também margem para mais um erro doloroso que poderia ser esquecido. Poderia mas não foi e nem será, acredite, porque agora não é mais uma questão de mero esquecimento e sim de não querer a dor excruciante de mais uma promessa não cumprida. Você pode jurar, pode furar o dedo e fazer um pacto comigo, mas não pode garantir. Ninguém pode...nem eu mesma.
Tenho um lugar hoje dentro de mim que é só meu e naquele lugar eu sou feliz. Não corro, não tenho pressa, minha respiração é branda e meus passos comedidos. Não há desespero, ele fez parte da minha vida por muito tempo, tempo de mais para se agüentar.
Admito que apenas passo pelos dias, segundo por segundo, para ver se consigo em algum momento de fato vivê-los. Assim... um de cada vez.
O tempo é duro de mais e isso acaba nos atingindo diretamente, já que tudo ao meu redor se modifica e me obriga a acompanhar o movimento das ondas que me arrastam para a corrente que já tem meu nome escrito. Com ele minhas páginas borradas tornaram-se páginas em branco e que, assim sendo, foram preenchidas pouco a pouco pelos passos que dei, pelos suspiros, olhares e planos. Nem tudo é claro, nem tudo é perceptível, ainda tropeço na mesma pedra torta colocada em desalinho à calçada da minha rua, mas continuo. Continuo porque fiquei parada por muito tempo dentro de mim mesma, entre copos vazios e cigarros.
Você já deveria ter imaginado que as coisas, uma hora ou outra, iriam mudar. Acredito que todos têm uma faixa larga delimitando o ponto em que se deve parar. Ali, naquela zona, você tem plena consciência de que um passo a mais será o suficiente para determinar o fim. É claro, nítido. Eu não, porque nada comigo é tão simples. Meu limite é uma linha completamente imperceptível aos olhos. Você não vê, apenas sente e naquele momento, naquele segundo em que seu coração para de bater e tudo se move em câmera lenta você sabe que foi longe demais. Por isso mesmo não me eximo da culpa de ter dado todo esse tempo, muito tempo, dando também margem para mais um erro doloroso que poderia ser esquecido. Poderia mas não foi e nem será, acredite, porque agora não é mais uma questão de mero esquecimento e sim de não querer a dor excruciante de mais uma promessa não cumprida. Você pode jurar, pode furar o dedo e fazer um pacto comigo, mas não pode garantir. Ninguém pode...nem eu mesma.
Tenho um lugar hoje dentro de mim que é só meu e naquele lugar eu sou feliz. Não corro, não tenho pressa, minha respiração é branda e meus passos comedidos. Não há desespero, ele fez parte da minha vida por muito tempo, tempo de mais para se agüentar.
Admito que apenas passo pelos dias, segundo por segundo, para ver se consigo em algum momento de fato vivê-los. Assim... um de cada vez.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
terça-feira, 22 de junho de 2010
Even for me.
“O tempo passa. Mesmo quando isso parece impossível. Mesmo quando cada batida do ponteiro dos segundos dói como o sangue pulsando sob um hematoma. Passa de modo inconstante, com guinadas estranhas e calmarias arrastadas, mas passa. Até para mim”.
L.N.
S.M.
Se eu tivesse que pintar o que estou sentindo agora usaria cores muito brandas, quase em tom pastel.
A maré decidiu baixar no meu mar, trazendo com ela uma calmaria que me inebria e me consome, como uma corrida bem longa. Já não sinto muito minhas pernas e o suor deixou de escorrer em meu rosto não só pelos dias mais frios. Estou mais consciente do meu estômago, não pelas borboletas, mas sim pela falta delas. Não tenho mais medo, não sinto mais as batidas descompassadas do meu coração que corriam desenfreadas ao menor sinal de qualquer coisa.
As pedras portuguesas das calçadas de minha rua continuam no mesmo lugar, irregulares, desbotadas. As crianças do colégio em frente fazem o estardalhaço típico e a música clássica da escola de balé ao lado continua a tocar alto, todos os dias, até as dez e cinqüenta da noite. As folhas pararam de cair e os ventos ficaram mais fortes. O inverno chegou como um suspiro brando que arrepia minhas costas quando acordo. Readquiri o velho hábito de dormir com as cortinas abertas, assim posso sentir o calor do sol fraco que invade minha janela todo manhã e que me reconforta como um cobertor macio. Os dias têm amanhecido menos nublados, ou talvez meus olhos estejam enxergando melhor as cores. Não sinto mais a ausência porque a ausência em si não existe dentro de mim. O vazio deu lugar a um espaço. São coisas completamente diferentes, entende?
Tenho esmalte vermelho em minhas unhas roídas não mais por ansiedade, mas por costume...fazia muito tempo que não usava o Carmim. Os cachos já voltaram aos meus cabelos que hoje atingem minha sexta costela. Mal posso senti-la, pois os doze quilos voltaram a fazer parte da minha silhueta tipicamente voluptuosa. Herança paterna da família, as coxas grossas.
Os saltos estão reinando mais uma vez em meus pés, assim como tudo que era meu.
Respiro fundo a todo segundo, suspiro com um bebê entediado. Respirar para mim é como uma catarse, porque agora sinto – realmente - o ar bater em meus pulmões, como uma pluma quando toca a pele. Não é mais cortante, é fácil...e se respirar é tudo o que preciso, já tenho, em mim,
tudo.
L.N.
S.M.
Se eu tivesse que pintar o que estou sentindo agora usaria cores muito brandas, quase em tom pastel.
A maré decidiu baixar no meu mar, trazendo com ela uma calmaria que me inebria e me consome, como uma corrida bem longa. Já não sinto muito minhas pernas e o suor deixou de escorrer em meu rosto não só pelos dias mais frios. Estou mais consciente do meu estômago, não pelas borboletas, mas sim pela falta delas. Não tenho mais medo, não sinto mais as batidas descompassadas do meu coração que corriam desenfreadas ao menor sinal de qualquer coisa.
As pedras portuguesas das calçadas de minha rua continuam no mesmo lugar, irregulares, desbotadas. As crianças do colégio em frente fazem o estardalhaço típico e a música clássica da escola de balé ao lado continua a tocar alto, todos os dias, até as dez e cinqüenta da noite. As folhas pararam de cair e os ventos ficaram mais fortes. O inverno chegou como um suspiro brando que arrepia minhas costas quando acordo. Readquiri o velho hábito de dormir com as cortinas abertas, assim posso sentir o calor do sol fraco que invade minha janela todo manhã e que me reconforta como um cobertor macio. Os dias têm amanhecido menos nublados, ou talvez meus olhos estejam enxergando melhor as cores. Não sinto mais a ausência porque a ausência em si não existe dentro de mim. O vazio deu lugar a um espaço. São coisas completamente diferentes, entende?
Tenho esmalte vermelho em minhas unhas roídas não mais por ansiedade, mas por costume...fazia muito tempo que não usava o Carmim. Os cachos já voltaram aos meus cabelos que hoje atingem minha sexta costela. Mal posso senti-la, pois os doze quilos voltaram a fazer parte da minha silhueta tipicamente voluptuosa. Herança paterna da família, as coxas grossas.
Os saltos estão reinando mais uma vez em meus pés, assim como tudo que era meu.
Respiro fundo a todo segundo, suspiro com um bebê entediado. Respirar para mim é como uma catarse, porque agora sinto – realmente - o ar bater em meus pulmões, como uma pluma quando toca a pele. Não é mais cortante, é fácil...e se respirar é tudo o que preciso, já tenho, em mim,
tudo.
terça-feira, 30 de março de 2010
Sunshine
Eram 10:18 de uma manhã de terça-feira, o dia estava nublado e ventava um ar forte e gostoso. O arborizado pátio começa a ficar vazio à medida que os alunos voltavam às suas salas, mas ela continuava lá, em seus devaneios habituais.
Repousou os olhos na mão direita e percebeu que o anel que seu pai lhe dera de aniversário, seguindo a tradição da família de presentear as mulheres com jóias ao completarem 21 anos, estava mais uma vez virado. O aro fino, mas imponente de ouro branco brilhava em seu dedo anelar como uma aliança de compromisso. E era assim que ela o usava...sempre. Uma maneira implícita de preencher o vazio do dedo que antes expunha muito mais que um simples anel.
Esticou o braço para apanhar o isqueiro preto e acender o último cigarro daquela manhã. O sol começava a surgir por entre as nuvens e uma nesga tímida de luz bateu no aro refletindo o brilho do ouro e iluminando sua mente. Tirou o anel e tornou a colocá-lo muitas vezes. Com relutância, forçou-o no dedo médio da outra mão. Sentia-se aberta, desprotegida.
Reconsiderara a decisão e, quando estava prestes a devolvê-lo ao antigo lugar, uma mão pousou em seu ombro e uma voz macia lhe falou pelas costas. – Com licença, você pode me emprestar seu isqueiro? – Claro; respondeu, baixando os olhos sem saber de onde vinha a pergunta. Virou e expôs a mão nua que continha apenas a peça preta apertada entre os dedos. Parou por um segundo em um momento de hesitação e se deteve no sorriso da dona da voz. Sorriu de volta. A garota fechou a mão forte na sua e, inclinando o rosto para frente, acendeu-o finalmente.
Com uma mão ainda na outra, recostou-se na cadeira e deu mais um trago no cigarro que sabia não ser mais o último daquela manhã.
Repousou os olhos na mão direita e percebeu que o anel que seu pai lhe dera de aniversário, seguindo a tradição da família de presentear as mulheres com jóias ao completarem 21 anos, estava mais uma vez virado. O aro fino, mas imponente de ouro branco brilhava em seu dedo anelar como uma aliança de compromisso. E era assim que ela o usava...sempre. Uma maneira implícita de preencher o vazio do dedo que antes expunha muito mais que um simples anel.
Esticou o braço para apanhar o isqueiro preto e acender o último cigarro daquela manhã. O sol começava a surgir por entre as nuvens e uma nesga tímida de luz bateu no aro refletindo o brilho do ouro e iluminando sua mente. Tirou o anel e tornou a colocá-lo muitas vezes. Com relutância, forçou-o no dedo médio da outra mão. Sentia-se aberta, desprotegida.
Reconsiderara a decisão e, quando estava prestes a devolvê-lo ao antigo lugar, uma mão pousou em seu ombro e uma voz macia lhe falou pelas costas. – Com licença, você pode me emprestar seu isqueiro? – Claro; respondeu, baixando os olhos sem saber de onde vinha a pergunta. Virou e expôs a mão nua que continha apenas a peça preta apertada entre os dedos. Parou por um segundo em um momento de hesitação e se deteve no sorriso da dona da voz. Sorriu de volta. A garota fechou a mão forte na sua e, inclinando o rosto para frente, acendeu-o finalmente.
Com uma mão ainda na outra, recostou-se na cadeira e deu mais um trago no cigarro que sabia não ser mais o último daquela manhã.
quinta-feira, 25 de março de 2010
E se é assim...
A realidade nos atinge assim, aos pouquinhos. Como uma folha carregada pela brisa leve do fim do verão.
Hoje as coisas não são como eram ontem...e eu também não. Um pedaço de mim muda todo dia e percebi que hoje eu não consigo mais viver de lampejos. Lampejos de felicidade, de sorrisos, de promessas. Preciso respirar coisas concretas, palpáveis e, ainda que eu não viva essa premissa, a vontade está instalada em mim, e quero acreditar que isso já é alguma coisa.
Hoje as coisas não são como eram ontem...e eu também não. Um pedaço de mim muda todo dia e percebi que hoje eu não consigo mais viver de lampejos. Lampejos de felicidade, de sorrisos, de promessas. Preciso respirar coisas concretas, palpáveis e, ainda que eu não viva essa premissa, a vontade está instalada em mim, e quero acreditar que isso já é alguma coisa.
segunda-feira, 22 de março de 2010
Mirror.
Talvez a ignorância seja o melhor remédio. Não falo da falta de conhecimento, mas sim do ato de ignorar o conhecimento em si. Não reconhecendo os fatos eles não doem tanto, não propagam a onda repentina de calor enraivecido que toma o corpo quando se pensa neles. Ignoramos em prol da falta de conhecimento. Assim não temos que reconhecer, não temos que enxergar a realidade que se abre como uma menina fogosa diante de nós.
Admito que muito disso tudo eu trouxe a mim mesma. Desistir parecia fácil demais, então, ignorando os fatos, eu fiquei exatamente no mesmo lugar e por nós duas, pois você já tinha desistido há muito. Enquanto o tempo passava e sua vida dava milhares de voltas, meu cabelo atingiu, no comprimento, minhas últimas costelas nesses mais de 14 meses de total inércia da minha vida.
Talvez tenha sido a certeza de que você jamais me perderia definitivamente que te levou a tomar certas atitudes. Talvez fossem mesmo falsas promessas. Mas, falsas ou não, foi minha a opção de acreditar nelas, ignorando, mais uma vez, todos os fatos límpidos que se postavam à minha frente, excluindo qualquer possibilidade que cruzava meu caminho de sair da bolha em que eu me deixei colocar.
Os dias passam mais arrastados e doloridos quando não ouço a sua voz, quando não compartilho com você tudo de importante ou completamente insípido que acontece comigo. Mas sua vida agora é outra e o caminho que você escolheu, definitivamente, não me inclui, não incluindo assim minha vida, minhas coisas.
Percebi hoje, 418 dias depois do fim, não definitivo, mas oficial, que tudo o que era nosso passou a ser meu de volta. É uma sensação meio esquisita, devo confessar, porque mesmo depois de tanto tempo e tantas coisas rasgadas fora de caixas e dentro do peito, eu acreditava piamente, não apenas em você, mas em nós. Hoje me olhei no espelho e admiti que carrego a mesmo expressão para todo canto, onde quer que eu esteja, seja a música animada e o lugar cheio de gente, seja o som apenas o das minhas lágrimas invadindo meu quarto vazio, porque nem eu mesma preencho qualquer ambiente nesses últimos tempos.
Reconheço aqui minha parte de culpa nessa história avassaladora. Reconheço minha ignorância em, sozinha e como réu confessa, viver de um passado que tornei tão presente em minha vida ao ponto de simplesmente não conseguir viver, de fato, o presente atual. Presente atual sim, pois não se aplica aqui a redundância já que vivo de um presente passado.
Não tenho mais esperança, pois, tê-la como definição literal – o ato de esperar – já não cabe mais. Porque tudo que não é cultivado um dia morre.
Admito que muito disso tudo eu trouxe a mim mesma. Desistir parecia fácil demais, então, ignorando os fatos, eu fiquei exatamente no mesmo lugar e por nós duas, pois você já tinha desistido há muito. Enquanto o tempo passava e sua vida dava milhares de voltas, meu cabelo atingiu, no comprimento, minhas últimas costelas nesses mais de 14 meses de total inércia da minha vida.
Talvez tenha sido a certeza de que você jamais me perderia definitivamente que te levou a tomar certas atitudes. Talvez fossem mesmo falsas promessas. Mas, falsas ou não, foi minha a opção de acreditar nelas, ignorando, mais uma vez, todos os fatos límpidos que se postavam à minha frente, excluindo qualquer possibilidade que cruzava meu caminho de sair da bolha em que eu me deixei colocar.
Os dias passam mais arrastados e doloridos quando não ouço a sua voz, quando não compartilho com você tudo de importante ou completamente insípido que acontece comigo. Mas sua vida agora é outra e o caminho que você escolheu, definitivamente, não me inclui, não incluindo assim minha vida, minhas coisas.
Percebi hoje, 418 dias depois do fim, não definitivo, mas oficial, que tudo o que era nosso passou a ser meu de volta. É uma sensação meio esquisita, devo confessar, porque mesmo depois de tanto tempo e tantas coisas rasgadas fora de caixas e dentro do peito, eu acreditava piamente, não apenas em você, mas em nós. Hoje me olhei no espelho e admiti que carrego a mesmo expressão para todo canto, onde quer que eu esteja, seja a música animada e o lugar cheio de gente, seja o som apenas o das minhas lágrimas invadindo meu quarto vazio, porque nem eu mesma preencho qualquer ambiente nesses últimos tempos.
Reconheço aqui minha parte de culpa nessa história avassaladora. Reconheço minha ignorância em, sozinha e como réu confessa, viver de um passado que tornei tão presente em minha vida ao ponto de simplesmente não conseguir viver, de fato, o presente atual. Presente atual sim, pois não se aplica aqui a redundância já que vivo de um presente passado.
Não tenho mais esperança, pois, tê-la como definição literal – o ato de esperar – já não cabe mais. Porque tudo que não é cultivado um dia morre.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
8 de Copas.
Estava tudo muito calmo.
Muito quieto.
Eu deveria ter imaginado que o silêncio sempre precede o esporro.
Mas faça o esporro que fizer...
"Você não quer que eu olhe pra trás e diz que o passado já passou.
Esse calor que sai do cigarro que você fuma falando de amor..
Não fale mais, o futuro é a arma da ilusão que foi você que carregou."
Muito quieto.
Eu deveria ter imaginado que o silêncio sempre precede o esporro.
Mas faça o esporro que fizer...
"Você não quer que eu olhe pra trás e diz que o passado já passou.
Esse calor que sai do cigarro que você fuma falando de amor..
Não fale mais, o futuro é a arma da ilusão que foi você que carregou."
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Burden.
A todo o momento temos a oportunidade de dar. Talvez esse “presente” não seja tão dramático ou grandioso quanto o que acontece todos os dias em tantos lugares diferentes, talvez esse presente seja um simples pedido de desculpa, talvez seja entender o ponto de vista de outra pessoa, talvez seja guardar o segredo de um amigo. A alegria está, supostamente, em se doar. Doar sua alma para o outro. Então, quando a alegria vai embora, quando a doação de tudo em seu ser se torna um fardo pesado demais para carregar...aí é que se deve parar. Mas se você é como eu, você se doa até doer e, aí, quando a dor se torna simplesmente insuportável...você se doa um pouco mais.
domingo, 31 de janeiro de 2010
Somewhere only we know.
Sofrer uma mudança física muito drástica ou passar por um problema emocional muito grande é complicado. Não só para você, mas para o mundo ao seu redor. As pessoas tendem a acreditar que, agora, você é aquela condição. O mundo te enxerga de uma maneira diferente.
O mundo sim, mas você, não. Não sou a calça que uso e muito menos a tristeza que sinto. Lá dentro, bem no fundo, ainda visto o mesmo número, ainda sou feliz. Tenho os mesmos medos e inseguranças que, para o mundo, não cabem mais, mas para mim são bem latentes, sabe. Pulsam dentro do peito e param na barreira dos olhos de quem vê, mas não sente. Agora aquele problema é seu único problema, nada mais faz sentido na cabeça de quem não está dentro de você, mas insiste em tentar montar seu quebra-cabeça mais que pessoal e, no final, certos de que te desvendaram, te dão aquela olhadinha torta, com a cabeça inclinada e...erram. Porque todos erram já na tentativa de tentar entender. Às vezes não tem razão nem por quê. Às vezes minha cabeça só está longe. Às vezes meu sorriso pode até parecer murcho, mas é verdadeiro sim.
O que reflito no espelho – o que você vê quando seus olhos repousam em mim- nem sempre é o que enxergo. Porque existe um fio que me percorre da cabeça aos pés e tem minha cor. Essa cor, tão minha, tão particular, não muda. Independente da condição que agora me cerca, mas que não me pertence.
Se eu pudesse, desmembraria todas as camadas que separam o mundo de mim, e colocaria em risco meu tão precioso fio, para que todos pudessem me ver – realmente – e entender que sou a mesma menina. Mas a esse pedaço ninguém tem acesso, e muitas vezes ele reluta em se revelar até mesmo para mim. Porque ele me protege do mundo. Porque ele me proteger dos meus próprios demônios.
De repente você se vê com uma bomba armada nas mãos. Veste um sorriso e finge que está tudo bem. Coloca uma blusa larga e finge que você não se importa, mesmo morrendo a cada palavra, a cada passo dado na direção contrária à que seu coração implora. Mesmo querendo correr para aquele lugar que ninguém conhece. Porque você, presa dentro dessa bolha que te cerca, grita a plenos pulmões. E ninguém te ouve. Ninguém consegue ouvir.
Entenda, a culpa não é apenas deles, a acústica não é muito boa mesmo. Não se exuma de toda a culpa. Um dia você vai conseguir se libertar. É apavorante, eu sei. Machuca. Mas quem foi que te disse que não iria doer?
Sei que é difícil acreditar que algum dia voltarei. Mas olhe bem. Não tenho que voltar, porque, na verdade, nunca fui.
O mundo sim, mas você, não. Não sou a calça que uso e muito menos a tristeza que sinto. Lá dentro, bem no fundo, ainda visto o mesmo número, ainda sou feliz. Tenho os mesmos medos e inseguranças que, para o mundo, não cabem mais, mas para mim são bem latentes, sabe. Pulsam dentro do peito e param na barreira dos olhos de quem vê, mas não sente. Agora aquele problema é seu único problema, nada mais faz sentido na cabeça de quem não está dentro de você, mas insiste em tentar montar seu quebra-cabeça mais que pessoal e, no final, certos de que te desvendaram, te dão aquela olhadinha torta, com a cabeça inclinada e...erram. Porque todos erram já na tentativa de tentar entender. Às vezes não tem razão nem por quê. Às vezes minha cabeça só está longe. Às vezes meu sorriso pode até parecer murcho, mas é verdadeiro sim.
O que reflito no espelho – o que você vê quando seus olhos repousam em mim- nem sempre é o que enxergo. Porque existe um fio que me percorre da cabeça aos pés e tem minha cor. Essa cor, tão minha, tão particular, não muda. Independente da condição que agora me cerca, mas que não me pertence.
Se eu pudesse, desmembraria todas as camadas que separam o mundo de mim, e colocaria em risco meu tão precioso fio, para que todos pudessem me ver – realmente – e entender que sou a mesma menina. Mas a esse pedaço ninguém tem acesso, e muitas vezes ele reluta em se revelar até mesmo para mim. Porque ele me protege do mundo. Porque ele me proteger dos meus próprios demônios.
De repente você se vê com uma bomba armada nas mãos. Veste um sorriso e finge que está tudo bem. Coloca uma blusa larga e finge que você não se importa, mesmo morrendo a cada palavra, a cada passo dado na direção contrária à que seu coração implora. Mesmo querendo correr para aquele lugar que ninguém conhece. Porque você, presa dentro dessa bolha que te cerca, grita a plenos pulmões. E ninguém te ouve. Ninguém consegue ouvir.
Entenda, a culpa não é apenas deles, a acústica não é muito boa mesmo. Não se exuma de toda a culpa. Um dia você vai conseguir se libertar. É apavorante, eu sei. Machuca. Mas quem foi que te disse que não iria doer?
Sei que é difícil acreditar que algum dia voltarei. Mas olhe bem. Não tenho que voltar, porque, na verdade, nunca fui.
domingo, 17 de janeiro de 2010
3.
O ano chegou manso, calado. Em meio aos fogos, gritos, choros e risos, tudo o que eu ouvia era o som das ondas envolvendo meu corpo como um cobertor abençoado de água gelada em meio a tanto calor. A água salgada pulando do rosto se misturava à água salgada do mar e, por um momento, éramos um só. E nesse momento, com outro número, eu pedi para que dali para frente fosse tudo diferente.
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