quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Smoking Gun.

Eu te amo. Um amor inexplicável. Amo com tudo que posso, tudo que tenho, com todo espaço que ainda me resta...muitas vezes acho que já nasci com esse amor. Mas é muito pessoal, sabe. Metade das coisas que sinto não posso dizer e a outra metade eu mesma desconheço. Talvez você entendesse se fosse possível, mesmo que por um milésimo de segundo, trocar seu peito pelo meu. E por isso mesmo, pela impossibilidade também do avesso, que não te julgo. Não julgo suas razões nem seus porquês, mas fazem quinhentos e trinta e três dias que vivo sem você e por isso espero que me entenda. Entenda que não existe mais espaço dentro do meu peito para dor e não existe mais esperança de que isso não vá acontecer. Hoje não dói, não tortura. Está aqui guardado e acredite, sempre estará...como uma cicatriz já dormente que me faz lembrar que o passado foi real.

O tempo é duro de mais e isso acaba nos atingindo diretamente, já que tudo ao meu redor se modifica e me obriga a acompanhar o movimento das ondas que me arrastam para a corrente que já tem meu nome escrito. Com ele minhas páginas borradas tornaram-se páginas em branco e que, assim sendo, foram preenchidas pouco a pouco pelos passos que dei, pelos suspiros, olhares e planos. Nem tudo é claro, nem tudo é perceptível, ainda tropeço na mesma pedra torta colocada em desalinho à calçada da minha rua, mas continuo. Continuo porque fiquei parada por muito tempo dentro de mim mesma, entre copos vazios e cigarros.

Você já deveria ter imaginado que as coisas, uma hora ou outra, iriam mudar. Acredito que todos têm uma faixa larga delimitando o ponto em que se deve parar. Ali, naquela zona, você tem plena consciência de que um passo a mais será o suficiente para determinar o fim. É claro, nítido. Eu não, porque nada comigo é tão simples. Meu limite é uma linha completamente imperceptível aos olhos. Você não vê, apenas sente e naquele momento, naquele segundo em que seu coração para de bater e tudo se move em câmera lenta você sabe que foi longe demais. Por isso mesmo não me eximo da culpa de ter dado todo esse tempo, muito tempo, dando também margem para mais um erro doloroso que poderia ser esquecido. Poderia mas não foi e nem será, acredite, porque agora não é mais uma questão de mero esquecimento e sim de não querer a dor excruciante de mais uma promessa não cumprida. Você pode jurar, pode furar o dedo e fazer um pacto comigo, mas não pode garantir. Ninguém pode...nem eu mesma.

Tenho um lugar hoje dentro de mim que é só meu e naquele lugar eu sou feliz. Não corro, não tenho pressa, minha respiração é branda e meus passos comedidos. Não há desespero, ele fez parte da minha vida por muito tempo, tempo de mais para se agüentar.
Admito que apenas passo pelos dias, segundo por segundo, para ver se consigo em algum momento de fato vivê-los. Assim... um de cada vez.

3 comentários:

  1. Porque foi exatamente isso que aconteceu quando li seu blog. Sensação diferente se sentir despida diante das palavras de alguém que não nos conhece.

    Isso é catarse! =)

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