domingo, 6 de dezembro de 2009

In me.

Sempre tive medo de cinco coisas. Do escuro. Não posso gostar de algo que me toma e me cega. Palhaços e gente vestida de bicho. Porque são simplesmente assustadores. Aranhas. Desde menina não confio em nada que tem mais de quatro patas. Bicho que não tem cor de bicho. Um elefante azul, por exemplo. Não é normal, entende. Elefantes são de um cinza chumbo. E criei certo receio, mas não medo, pelo mar depois de um incidente quase fatal com meu pai que tive o desprazer de assistir de camarote da areia, ainda pequena. Admiro, mas respeito. Aprendi que não se brinca com algo tão grande, tão forte e tão temperamental.
Hoje, todos eles que sempre foram tão grandes, parecem ínfimos com o que sinto em relação ao futuro. O medo do amanhã me desespera e me toma por completo sem deixar brecha para qualquer outro. Não há garantias porque, do ponto de vista do medo, ninguém é forte o suficiente. É desesperador imaginar que o que está me esperando na próxima esquina pode me magoar ou me salvar de vez.
O que me resta é gritar. Porque há o direito ao grito. Então eu grito. Grito porque sei que, mesmo a plenos pulmões, ninguém irá me ouvir. Grito porque tudo o que já virou banal e patético aos olhos dos outros ainda é grande para mim. Porque sou amor da cabeça aos pés, mas ele já foi posto à prova tanta vezes que tenho medo do que possa vir a acontecer. Com ele. Comigo.
Grito porque estou com raiva e meu peito dói. Grito porque eu quero que passe e ao mesmo tempo tenho medo de que passe realmente. Grito porque me sinto uma completa idiota frente a tudo que nego para mim mesma, mesmo sabendo...
Grito porque posso e não faço. Porque quero dizer, mas engulo. Tenho medo do futuro porque tudo ao meu redor muda o tempo todo e quando dou por mim, estou no mesmo lugar. Grito porque quero ficar, mas sei que não posso.
Grito porque quero ficar...
mas sei que não vou.

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