terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Resumo

Se não acreditamos em predestinação, temos que admitir então que as circunstâncias de um encontro, que por comodidade atribuímos ao acaso, são, na verdade, o resultado de uma incalculável sequência de decisões tomadas em cada cruzamento de nossa vida e que, secretamente, nos levaram até ele. Não que tenhamos buscado, nem mesmo desejado, ainda que inconscientemente, todos os nossos encontros, até mesmo os mais importantes. O que acontece é que cada um de nós age como um artista ou um escritor que constrói sua obra numa sucessão de escolhas. Um gesto ou uma palavra não determina inelutavelmente o gesto ou a palavra seguinte; pelo contrário, coloca seu autor diante de uma nova escolha. Um pintor que colocou uma pincelada de vermelho pode escolher alongá-la, justapondo-lhe uma pincelada de roxo; pode escolher fazê-la vibrar com uma pincelada de verde. No final, por mais que ele tenha trabalhado com uma certa idéia do quadro pronto na cabeça, a soma de todas as decisões tomadas, sem que tenham sido previstas, fará surgir um outro resultado. É assim que vamos conduzindo nossa vida, num encadeamento de atos bem mais deliberados do que estamos prontos a admitir, porque assumir claramente toda essa responsabilidade seria um fardo muito pesado.

Mas é difícil, muitas vezes até dilacerante admitir o quanto suas decisões e atitudes interferem no curso de sua vida. Ter certeza é impossível e, convenhamos, seria muito fácil. Mas você sente e sabe. Aí está o problema...lidar com as consequências das suas escolhas. Mas você decidiu arriscar...você decidiu abrir mão. Você teve todas as oportunidades, e foi você quem escolheu dar as costas! Medo? Medo todos temos...mas às vezes simplesmente é tarde de mais.

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