quarta-feira, 22 de junho de 2011

Até agora.

Ela tem sido a princesa perfeita, exatamente como você gostaria que ela fosse. Sempre ali, guardada para quando você precisar. Porque você sempre precisa dela, uma hora ou outra. Ela tem tido um comportamento exemplar com um tropeço aqui, outro ali, mas ela também é humana. Ela tem vestido as roupas que você aprova e pintado as unhas da cor que você gosta, afinal, não iria arriscar seu olhar de reprovação para o esmalte colorido de mais. Ela usa a mistura perfeita entre tabaco e perfume porque, mesmo não sentido mais o cheiro que exala, sabe que é o seu preferido. Ela não faz “aquele” macarrão para ninguém, só para você. Ela não pisa em pedras tortas, não sai por aí se entregando para ninguém. Ela é fiel e leal, como um bom cão de guarda deve ser. Ela escolhe os livros à dedo e ouve todas as músicas que você gosta. Na verdade, você ouve as músicas que ela gosta, mas ela deixa você acreditar que são suas. Ela não levanta a voz e sempre tem um doce na geladeira para quando você chegar.

Ela tem sido a princesa perfeita.

Até agora.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Maybe this is it.

A vida tem a forma que você escolhe. Um círculo para os que remoem, um linha reta para os que gostam de segurança, uma linha tortuosa e cheia de curvas para os que insistem. No certo ou no errado. A vida tem o cheiro da gente, a cor que a gente gosta.

Eu lembro da sensação aconchegante de entrar em minha sala do jardim de infância, aquele incenso doce de massa de modelar já impregnado no chão e nas paredes. Lembro dos almoços de família na casa da minha avó. O perfume da carne de panela despontava lá embaixo, na portaria do prédio. Lembro do abraço forte da minha mãe quando quebrei o braço (a primeira vez), do olhar (quase) gentil do meu pai quando quebrei a perna. Lembro de abrir os olhos e perceber que era noite e eu estava em uma cidade completamente desconhecida. As montanhas gigantescas pareciam enormes árvores de Natal, brilhando no escuro. Lembro, como se fosse hoje, do desespero que pulava do meu peito no segundo em que percebi que minha vida tinha mudado para sempre.

Tudo muda o tempo todo e é infantilidade achar que alguma coisa é para sempre. Eu demorei vinte e dois anos para descobrir que nada é para sempre e isso não significa que é ruim, que é errado ou até mesmo injusto. Tudo se perde, todo mundo se perde em algum momento para, quem sabe, se encontrar no final. Todas as lágrimas que encontraram o caminho para fora dos meus olhos foram justas e nenhuma foi sem sentido. Não para mim. Todos os meus amores já escorreram pelo meu rosto, em um rio feliz ou triste. Mesmo que não saibam. Isso é fascinante, sabe. Poder expressar com uma única gota de água salgada tudo o que está guardado no coração.

Entenda que um estado, uma situação, nada disso é para sempre. Mas um sentimento é e não existe água nem frio o suficiente para mudar o que está dentro do peito. Meu e seu. Porque eu sou feita de intensidade e não nego nem desgosto. Tudo para mim pode ser mais doloroso (e eu sei), mas é mais bonito também. Mais puro. Tem mais valor. Porque metade de mim é amor. E a outra metade também.

Tudo está aqui e vai permanecer. Na memória, nas lembranças, no peito e nos olhos. Esse pode ser o lugar errado, na hora errada mesmo que eu queira, com todas as minhas forças, acreditar que não é. Foge do meu controle, da minha vontade. Dá medo, eu sei. Mas sentir medo é normal. O medo é o que nos torna humanos, sem ele seríamos máquinas incontroláveis. Eu também tenho medo. Muito. Mas eu não posso dizer que depois estará tudo bem. O depois é consequência do que construímos agora. O que você está construindo agora?

Depois de tantas perdas, tantos presentes, tantas lembranças e tantos rios felizes e tristes eu espero ansiosa pelo final, quando tudo vai voltar. Nesse momento, no segundo em que eu respirar e não sentir a dor lancinante cortar meus pulmões eu vou saber que está tudo bem. O nome disso? Paz.

quarta-feira, 30 de março de 2011

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Dica.

Eu acho incrível a capacidade de agrupamento das moléculas. Uma única solitária reconhece em outra a característica que lhe falta para, então, formar uma substância. Um oxigênio – O – encontra outro oxigênio – O – e juntos eles formam uma “molécula de ar” – O2. Desse ponto em diante ela não se desfaz nem se agrupa com nada mais. Pronto. Os oxigênios estão completos.

Queria que fôssemos como as moléculas, satisfeitas e felizes com o marasmo e a tranqüilidade de ser simples sim, mas por inteiro.

Mas nada é tão fácil e nós não somos tão fáceis assim. Não suportamos a calmaria desse “por inteiro” porque não reconhecemos como é incrível a sensação de completude quando ela finalmente dá o ar da graça. Isso agita a mente, o corpo, o espírito. Não...somos realistas de mais e visionários de menos. Somos todos em preto e branco e não gostamos que cor nenhuma atrapalhe a segurança da fortaleza que criamos para nos proteger do mundo, não gostamos que cor nenhuma respingue na armadura que vestimos para mostrar o quão forte somos. E somos tão fortes, não é? Não! Mentira! Ninguém é tão forte assim. Ninguém é tão auto-suficiente. Podemos ignorar isso com vinte anos, mas acredite, veremos com quarenta. É aí que começa o problema. Quando não percebemos o quanto essa armadura nos impede de viver algo maravilhoso. Ou pior, quando percebemos tarde de mais. Dica: não espere o “tarde de mais”. Nada é perfeito. Pode até ser meio torto e nem tão empolgante assim...mas é maravilhoso. Estamos acostumados ao pessimismo. “Tudo o que é bom dura pouco.” “ Era bom de mais para ser verdade.” “Nada é para sempre.” “Antes tarde do que mais tarde.” O que aconteceu com o “e eles viveram felizes para sempre”? Ninguém mais acredita em eternidade por quê?

Porque aprendemos a viver em um mundo onde tudo é descartável, momentâneo, passageiro e substituível. Vivemos em um mundo onde relação alguma supera a falsa, completamente falsa, sensação de felicidade que temos quando estamos sozinhos, quando nossas escolhas e satisfações são só nossas. Que pena. Assim perdemos tanto...e é só na perda que finalmente percebemos. Dica: não perca. Não espere perder.

Construa, crie, sonhe, imagine. Veja além das nuvens. Não há que ser forte, há que ser flexível. A fortaleza pode ruir a qualquer segundo, a flexibilidade sempre te dá oportunidade de voltar a ser o que era antes. Entenda, ajude, aprenda a dividir e a se doar. Não seja intransigente. Reconheça menos as suas qualidades e ignore mais o defeito de quem está ao seu redor. Dê a devida importância a tudo o que te faz diferença. Dica: muitas vezes um abraço basta. Livre-se de tudo o que te faz mal. Descarte tudo o que te leva para baixo e te impede de crescer, um vício ou alguém. Seja mais carinhoso com quem te quer bem. Felicidade gera felicidade. Gentileza gera gentileza. Amor gera amor. Pessimismo gera pessimismo. Tristeza gera tristeza. Fale mais e faça mais. Não desista. Não desista até que todo o ar tenha fugido de seus pulmões. Nesse momento você poderá deitar sua cabeça no travesseiro com a certeza que tentou. Tudo.

Posso ser otimista e uma romântica incorrigível. Posso me doar muito, até doer. Prefiro aproveitar a delícia sem esperar ou me preocupar com a dor. Depois eu me resolvo com ela. Uma hora a dor adormece...acredite.

É...posso ser otimista de mais...mas se não fosse por mim, a otimista, o pessimista jamais saberia como ele é infeliz.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Muito bem, obrigada.

Ainda não sei muito bem como lidar com essa sensação. Acho que não sei nem nomeá-la. Talvez tenha sido o tempo. Ainda não sei.

Nada mais se move em câmera lenta e os dias passam rápido, bem mais do que eu gostaria, mas mesmo assim sem me incomodar. Prefiro a correria à inércia. Minha vida é outra e eu volto ao meu estado original, pouco a pouco. Não lembro ao certo como era ele - o estado - mas consigo sentir. Consigo sentir as moléculas se reagrupando dentro de mim numa sensação conhecida como o cheiro do cobertor que usava quando era criança. Tudo hoje é um pouco mais leve, mais sereno. Tenho meus medos e neuroses, mas, pensando bem, quem não tem?

Amo cada parte torta da minha vida, sem exceção. Das noites que passei em claro chorando de rir ou no chão do quarto, chorando de dor. Amo o caminho que trilhei ou que foi destinado a ser meu. Tenho alguns arrependimentos, mas muito poucos para mencionar.

Quero sorrir, pular, me embebedar com minhas amigas e assistir de camarote seus embaraços alcoólicos e, quem sabe, passar um pouco de vergonha também. Quero contar minha história e me inebria a possibilidade de criar muitas outras, porque agora eu sei que posso. Quero errar, chorar, aprender. Quero poder ser idiota de vez em quando sem me preocupar com o que o mundo vai dizer. Fui criada para ser um exemplo de conduta, passei minha vida inteira tentando fazer jus às expectativas de todos e, honestamente, acho que consegui. Mas minha melhor amiga me ensinou que fugir à regra é bom e que ninguém tem o direito de dizer que não posso, que não devo. Dica: é bom viver um pouco suas vontades e criar suas próprias expectativas quando ao que se deve ser.

Quero coisas simples, noites em claro e duas horas de sono. Quero amar minhas amigas e fazê-las felizes como elas me fazem. Quero ver a felicidade nos olhos dos meus pais quando me tornar uma bacharel. Quero fazer isso por eles porque eles fazem tudo por mim.

Tenho minhas próprias verdades, mas nem por isso deixo dedar créditos às dos outros. Não tenho tudo o que quero, mas tenho tudo que preciso e, acredite, isso já é muito. Hoje eu sou feliz. E se hoje eu sou feliz...



...quem pode me julgar?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Smoking Gun.

Eu te amo. Um amor inexplicável. Amo com tudo que posso, tudo que tenho, com todo espaço que ainda me resta...muitas vezes acho que já nasci com esse amor. Mas é muito pessoal, sabe. Metade das coisas que sinto não posso dizer e a outra metade eu mesma desconheço. Talvez você entendesse se fosse possível, mesmo que por um milésimo de segundo, trocar seu peito pelo meu. E por isso mesmo, pela impossibilidade também do avesso, que não te julgo. Não julgo suas razões nem seus porquês, mas fazem quinhentos e trinta e três dias que vivo sem você e por isso espero que me entenda. Entenda que não existe mais espaço dentro do meu peito para dor e não existe mais esperança de que isso não vá acontecer. Hoje não dói, não tortura. Está aqui guardado e acredite, sempre estará...como uma cicatriz já dormente que me faz lembrar que o passado foi real.

O tempo é duro de mais e isso acaba nos atingindo diretamente, já que tudo ao meu redor se modifica e me obriga a acompanhar o movimento das ondas que me arrastam para a corrente que já tem meu nome escrito. Com ele minhas páginas borradas tornaram-se páginas em branco e que, assim sendo, foram preenchidas pouco a pouco pelos passos que dei, pelos suspiros, olhares e planos. Nem tudo é claro, nem tudo é perceptível, ainda tropeço na mesma pedra torta colocada em desalinho à calçada da minha rua, mas continuo. Continuo porque fiquei parada por muito tempo dentro de mim mesma, entre copos vazios e cigarros.

Você já deveria ter imaginado que as coisas, uma hora ou outra, iriam mudar. Acredito que todos têm uma faixa larga delimitando o ponto em que se deve parar. Ali, naquela zona, você tem plena consciência de que um passo a mais será o suficiente para determinar o fim. É claro, nítido. Eu não, porque nada comigo é tão simples. Meu limite é uma linha completamente imperceptível aos olhos. Você não vê, apenas sente e naquele momento, naquele segundo em que seu coração para de bater e tudo se move em câmera lenta você sabe que foi longe demais. Por isso mesmo não me eximo da culpa de ter dado todo esse tempo, muito tempo, dando também margem para mais um erro doloroso que poderia ser esquecido. Poderia mas não foi e nem será, acredite, porque agora não é mais uma questão de mero esquecimento e sim de não querer a dor excruciante de mais uma promessa não cumprida. Você pode jurar, pode furar o dedo e fazer um pacto comigo, mas não pode garantir. Ninguém pode...nem eu mesma.

Tenho um lugar hoje dentro de mim que é só meu e naquele lugar eu sou feliz. Não corro, não tenho pressa, minha respiração é branda e meus passos comedidos. Não há desespero, ele fez parte da minha vida por muito tempo, tempo de mais para se agüentar.
Admito que apenas passo pelos dias, segundo por segundo, para ver se consigo em algum momento de fato vivê-los. Assim... um de cada vez.