Ela não sabia muito bem como seria daqui para frente. Estava escuro, e isso a assustava. Suas mãos estavam geladas, mas não estava frio.
Já passava da meia noite, ela estava sentada à janela, um copo na mão e o cigarro em outra. Na cabeça tudo, menos dúvida, menos indecisão. Não agora.
Sabia que tentaria, mais uma vez, se fosse possível. E era...para ela...e só para ela...de um jeito que só ela entendia. Talvez fosse demais, ou talvez não fosse o suficiente. Vai saber.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Desta vez.
Ainda estava escuro quando Pedro abriu os olhos. Esticou os braços para o lado procurando o corpo de Teresa, mas encontrou um vazio.
Levantou, atravessou o escritório, olhou para a cozinha e parou na sala de estar. Desnorteado, começou a chamar pelo seu nome. Nada ouvia. Voltou ao quarto e percebeu um embrulho branco encima do travesseiro, no canto da cama. Abriu o envelope com calma e correu os olhos pela caligrafia torta, já conhecida.
“ A partir de hoje você não sabe meu nome. A partir de hoje você vai esquecer meu corpo, vai esquecer que já provou meu beijo. A partir de hoje eu não sou mais sua. Depois de tanto tempo e tantas tentativas que esgotaram meu corpo e alma, estou partindo. Não desse lugar, não desse mundo, mas de você. É tudo muito grande para mim, grande demais para caber no pequeno peito cheio de ossos e já esticado como mola, para todos os lados do meu ser. Para tentar caber. O amor e a dor, ambos imensos e que não encontram mais lugar em mim.
Eu sou menina, uma criança. Acredito em contos de fada, em cavalos brancos. Mas você é homem feito, mais velho, cheio de experiências, idéias, certo do que quer, que não nega nada e arrisca tudo. Arriscou tanto que acabou me perdendo. Eu sonho. Sonho até demais. Mas você não conhece a ingenuidade de um sonho. Prefere acreditar na metafísica do que em meus devaneios infantis sobre amor eterno.
A comida está no fogo e sua cama nunca ficará vazia. Você não precisa mais de mim. Mas eu preciso de você. Do seu todo e não desses pedaços de atenção jogados ao vento, divididos, confusos e imperativos.
Você escolheu um caminho, não posso contestar, mas não preciso aceitar. Não quero mais você dentro de mim, não desse jeito. Não posso mais me render ao que sinto, me rendo tanto todo dia que acabei me prendendo em uma teia de sentimentos que vão muito além da minha capacidade de sentir.
Você fez sua escolha.
Você tem tudo...
e você não precisa mais de mim.
Adeus,
T.”
Pedro leu cada linha com a certeza de que, desta vez, era real.
Dobrou o papel com cuidado e deitou-se, com um única lágrima solitária escorrendo pelo rosto.
Levantou, atravessou o escritório, olhou para a cozinha e parou na sala de estar. Desnorteado, começou a chamar pelo seu nome. Nada ouvia. Voltou ao quarto e percebeu um embrulho branco encima do travesseiro, no canto da cama. Abriu o envelope com calma e correu os olhos pela caligrafia torta, já conhecida.
“ A partir de hoje você não sabe meu nome. A partir de hoje você vai esquecer meu corpo, vai esquecer que já provou meu beijo. A partir de hoje eu não sou mais sua. Depois de tanto tempo e tantas tentativas que esgotaram meu corpo e alma, estou partindo. Não desse lugar, não desse mundo, mas de você. É tudo muito grande para mim, grande demais para caber no pequeno peito cheio de ossos e já esticado como mola, para todos os lados do meu ser. Para tentar caber. O amor e a dor, ambos imensos e que não encontram mais lugar em mim.
Eu sou menina, uma criança. Acredito em contos de fada, em cavalos brancos. Mas você é homem feito, mais velho, cheio de experiências, idéias, certo do que quer, que não nega nada e arrisca tudo. Arriscou tanto que acabou me perdendo. Eu sonho. Sonho até demais. Mas você não conhece a ingenuidade de um sonho. Prefere acreditar na metafísica do que em meus devaneios infantis sobre amor eterno.
A comida está no fogo e sua cama nunca ficará vazia. Você não precisa mais de mim. Mas eu preciso de você. Do seu todo e não desses pedaços de atenção jogados ao vento, divididos, confusos e imperativos.
Você escolheu um caminho, não posso contestar, mas não preciso aceitar. Não quero mais você dentro de mim, não desse jeito. Não posso mais me render ao que sinto, me rendo tanto todo dia que acabei me prendendo em uma teia de sentimentos que vão muito além da minha capacidade de sentir.
Você fez sua escolha.
Você tem tudo...
e você não precisa mais de mim.
Adeus,
T.”
Pedro leu cada linha com a certeza de que, desta vez, era real.
Dobrou o papel com cuidado e deitou-se, com um única lágrima solitária escorrendo pelo rosto.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Que coisa é essa de sentir?
Que coisa é essa de sentir? Sentimos tudo, frio, calor, fome, saudade, tesão. Somos máquinas de hormônios prontos para agarrar qualquer coisa que instigue nossos sentidos, que desperte nossa curiosidade. Somos movidos pelo desejo, desejo de ter, de provar, de sentir.
Ignoramos todos os estudos de Aristóteles onde a razão predomina. Passamos batidos pela teoria de Platão sobre apenas contemplar. Buscamos a felicidade em instantes, e não em sua plenitude.
Somos momentaneamente felizes e constantemente incompletos. Os mais idealistas falam em enxergar longe, o horizonte. O horizonte é apenas onde seus olhos repousam, mais nada. O que muda de pessoa para pessoa é o que se enxerga. Onde seus desejos e anseios estão. Mas nós somos complexos (ou até mesmo burros) de mais para saber o que queremos. Estamos sempre insatisfeitos, sempre em uma busca desenfreada, procurando qualquer faísca de excitação que, no fim, se apaga, como todas as outras.
Quando tudo faz sentido, quando tudo dá certo, procuramos qualquer vestígio de erro, olhamos para o lado, desconfiados. Porque quando está tudo bem, damos um jeito de estragar, só para poder consertar...ou simplesmente porque, bem, no final, não era bem isso que queríamos.
E sentir é chato. Incomoda, dói, ás vezes até coça. Bagunça a mente, bagunça a alma, contradiz tudo o que sai da boca, renega todo o racional, manda para o espaço horas solitárias de auto-análise e te destrói em mil pedaçinhos.
Porque nada nunca é o suficiente. Porque queremos tudo e acabamos sem nada.
Ignoramos todos os estudos de Aristóteles onde a razão predomina. Passamos batidos pela teoria de Platão sobre apenas contemplar. Buscamos a felicidade em instantes, e não em sua plenitude.
Somos momentaneamente felizes e constantemente incompletos. Os mais idealistas falam em enxergar longe, o horizonte. O horizonte é apenas onde seus olhos repousam, mais nada. O que muda de pessoa para pessoa é o que se enxerga. Onde seus desejos e anseios estão. Mas nós somos complexos (ou até mesmo burros) de mais para saber o que queremos. Estamos sempre insatisfeitos, sempre em uma busca desenfreada, procurando qualquer faísca de excitação que, no fim, se apaga, como todas as outras.
Quando tudo faz sentido, quando tudo dá certo, procuramos qualquer vestígio de erro, olhamos para o lado, desconfiados. Porque quando está tudo bem, damos um jeito de estragar, só para poder consertar...ou simplesmente porque, bem, no final, não era bem isso que queríamos.
E sentir é chato. Incomoda, dói, ás vezes até coça. Bagunça a mente, bagunça a alma, contradiz tudo o que sai da boca, renega todo o racional, manda para o espaço horas solitárias de auto-análise e te destrói em mil pedaçinhos.
Porque nada nunca é o suficiente. Porque queremos tudo e acabamos sem nada.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Estamos indo de volta pra casa.
Sempre que vou a Curitiba me bate um certo desespero...e ele vem por etapas.
É muito conflitante estar de volta ao lugar que tive que abandonar com tanta relutância...revirar o passado. É muito doloroso deixar o lugar ao qual tive que lutar muito para me adaptar e que hoje amo com todo coração.
O mais reconfortante é estar no céu...nem lá, nem cá.
"Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia."
Fernando Pessoa.
É muito conflitante estar de volta ao lugar que tive que abandonar com tanta relutância...revirar o passado. É muito doloroso deixar o lugar ao qual tive que lutar muito para me adaptar e que hoje amo com todo coração.
O mais reconfortante é estar no céu...nem lá, nem cá.
"Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia."
Fernando Pessoa.
domingo, 9 de agosto de 2009
De repente
"Sou um móbile solto no furacão.
Qualquer calmaria me dá...
...solidão".
Eu estava fuxicando meu computador e me deparei com um texto inacabado que começei a escrever aos 15 anos, em meus primeiros meses de Rio de Janeiro.
Fiquei nostálgica e resolvi postar.
"Ela andava pelas ruas e não reconhecia nada. O asfalto, o cheiro, as pessoas. Até o céu estava diferente. Todo dia se levantava e desejava acordar lá, bem longe, no lugar que ela conhecia. Os olhos que antes brilhavam de alegria, agora regavam com lágrimas o chão, denunciando seus passos tímidos. Nada mais fazia sentido, tudo que enxergava era um grande borrão, imagens distorcidas que para ela não faziam sentido. Um dia, no meio da noite, olhando para o céu estrelado, ela fez um pedido. Pediu para que a dor sumisse, para que o aperto em seu coração passasse, para que libertassem as borboletas presas em seu estômago.
Acordou com o sol iluminando seu rosto molhado. Respirou fundo e sentiu um cheiro novo pairando no ar. Tudo estava mais nítido e foi aqui que ela percebeu..."
Qualquer calmaria me dá...
...solidão".
Eu estava fuxicando meu computador e me deparei com um texto inacabado que começei a escrever aos 15 anos, em meus primeiros meses de Rio de Janeiro.
Fiquei nostálgica e resolvi postar.
"Ela andava pelas ruas e não reconhecia nada. O asfalto, o cheiro, as pessoas. Até o céu estava diferente. Todo dia se levantava e desejava acordar lá, bem longe, no lugar que ela conhecia. Os olhos que antes brilhavam de alegria, agora regavam com lágrimas o chão, denunciando seus passos tímidos. Nada mais fazia sentido, tudo que enxergava era um grande borrão, imagens distorcidas que para ela não faziam sentido. Um dia, no meio da noite, olhando para o céu estrelado, ela fez um pedido. Pediu para que a dor sumisse, para que o aperto em seu coração passasse, para que libertassem as borboletas presas em seu estômago.
Acordou com o sol iluminando seu rosto molhado. Respirou fundo e sentiu um cheiro novo pairando no ar. Tudo estava mais nítido e foi aqui que ela percebeu..."
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